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Muita gente enxerga o endividamento como algo ruim. A simples ideia de dever a alguém é terrível para algumas pessoas e muitas se afastam de quaisquer tipos de dívidas.
No entanto, endividamento saudável é um conceito importante para medir a dependência de capital de terceiros e muito valioso para a educação financeira. Pequenos, médios e até grandes empresários se utilizam de formas inteligentes de crédito para conseguir, por exemplo, capital de giro para suas empresas.
Neste artigo, vamos apresentar a você o conceito de endividamento saudável e duas fórmulas que ajudarão você a entender a incidência de suas dívidas em relação a seus ativos e como está constituído o prazo dessas dívidas (curto ou longo prazo).
Dessa forma, você poderá se planejar melhor antes de tomar uma linha de crédito ou investimento, e assim entender melhor sua vida financeira e tomar crédito de forma mais saudável.
O endividamento saudável existe, é possível e muito importante! Veja como:
Endividamento saudável nada mais é que uma dívida criada com planejamento, para que não sobrecarregue as finanças e , futuramente, seja convertida em lucro ou benefício.
Ou seja, utilizar os recursos do crédito para investir em algo que trará alguma vantagem, seja financeira ou de bem-estar e conforto. Tomar crédito para uma expansão na empresa, seja adquirindo novos equipamentos ou aumentando o quadro de colaboradores, é um exemplo clássico de endividamento saudável.
Nem sempre o endividamento saudável será para fins que geram lucro. Se você quer, por exemplo, fazer uma reforma na sua casa, mas não tem toda a verba necessária, um empréstimo pode ser a solução. E as benfeitorias no imóvel valorizam o patrimônio.
Planejar todas as etapas é crucial.
Aí vai uma dica valiosa para você, empresário: não se torne dependente de capital de terceiros. Saber a hora de pegar um investimento, empréstimo ou financiamento é muito importante para o crescimento sadio de qualquer empresa. Se a sua empresa não consegue gerar lucro e operar com receita própria, pode estar fadada a quebrar.
Usufruir do capital de terceiros não é desaconselhado para uso de outras maneiras. Adquirir esse capital para consolidar dívidas de outras naturezas, mantendo um único credor e pagando menos juros, é um exemplo de uso inteligente de crédito.
Porém, você deve avaliar todas as opções de empréstimo disponíveis e principalmente, planejar e negociar.
Lembre-se, todo capital que você recebe de outras fontes que não sejam o lucro direto de sua empresa, aumenta seu endividamento.
Imagine que o proprietário de uma pequena confecção de roupas ou uma padaria precisa comprar novas máquinas para produzir seus produtos e pretende tomar um crédito para isso. Será necessário adequar a estratégia de vendas para absorver as parcelas do empréstimo. Manter os preços inertes pode ser um risco, pois a margem de lucro não pode diminuir.
Porém, é preciso ser justo na adequação de preços, valores que sobem demais de um dia para o outro nunca são bem recebidos pelo consumidor e isso pode ser um grande problema para a empresa.
Planejamento é tudo! Considere sempre o custo da dívida a longo prazo, calcule o crescimento esperado do lucro e veja o impacto da dívida no fluxo do caixa atual.
Como primeiro passo para controlar o endividamento, sugerimos fazer uma lista de credores. Valores mensais, prazos de pagamento e saldo devedor são itens importantes para você classificar o grau de relevância.
Feito isso, verifique as dívidas que possuem maiores taxas de juros ou que tomem muito do orçamento mensal. Avalie trocar essas, por dívidas com menores taxas e maiores prazos de pagamento. Mantenha as parcelas dentro da capacidade de pagamento da sua empresa.
O Sebrae/SP desenvolveu um material completo para ajudar empresas a sair do endividamento. Acesse na íntegra clicando aqui.
Existem cálculos para você identificar como está o endividamento de sua empresa: índice de Endividamento Geral (EG) e Composição do Endividamento (CE).
Para calcular o EG, você precisará separar os ativos e os passivos de sua empresa (de curto e longo prazo). Entenda também aqui que os passivos são os empréstimos que sua empresa possui.
Usamos o capital de terceiros (os passivos de curto e de longo prazo) e dividimos pelo total de ativos da sua empresa. Para obter o valor percentual, multiplique o resultado por 100.
Exemplo:
Ativos: R$ 100.000,00
Passivos (curto e longo prazo): R$ 65.000,00
Assim:
EG = (65.000/100.000) x 100
EG = 65%
Ter um EG alto pode não ser bom, mas aja com cautela. Uma análise dentro de um contexto deve ser feita. Observando apenas pelo lado financeiro, vê-se que a empresa tem uma alta dependência de capital de terceiros. Porém, você deve sempre cruzar outros dados com o EG.
Afinal se há capacidade de pagamento desse capital e se seus concorrentes também possuem um índice elevado, não necessariamente quer dizer que sua empresa esteja para financeiramente prejudicada.
Por fim, a Composição do Endividamento é um cálculo para você saber como é constituída a sua dívida (curto ou longo prazo). Então digamos que os R$65 mil de passivos do exemplo acima sejam divido da seguinte forma:
Curto prazo: R$ 15.000
Longo prazo: R$ 50.000
Para calcular, usamos a seguinte fórmula:
CE = [Passivo de curto prazo / (Passivo de longo prazo + Passivo de curto prazo)] x 100
Logo:
CE = [15.000 / (50.000 + 15.000)] x 100
CE = 23,07%
Ou seja, 23,07% das dívidas são de curto prazo e 76,93% são de longo prazo.
Novamente, o que importa aqui é um resultado menor. Isso indica um prazo maior para quitar suas dívidas, já que a maioria são de longo prazo.
Em suma, o endividamento saudável existe e o planejamento é a chave para o sucesso. É importante entender o momento em que se deve obter capital de terceiros e em quais condições você deve contratá-lo.
Foco e equilíbrio nas contas são valiosos e não devem ser esquecidos. O sucesso de uma empresa não se mede apenas no quanto ela vende, mas também na capacidade de quitar suas dívidas.
Muito importante salientar que aqui não estamos tratando de crédito para reerguer uma empresa. Para isso é necessário outro tipo de avaliação.
Texto de Raphael Brandão - Sales Development Representative (SDR) no Banco Bari.
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